Com diabetes, chimpanzé Serafim recebe cuidados especiais no Zoológico

Os cuidados veterinários oferecidos pela Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB) são fundamentais para manter a saúde e a qualidade de vida dos animais do Zoológico de BH, principalmente os que necessitam de acompanhamento especial por causa de doenças ou condições crônicas. É o caso do chimpanzé Serafim, de 37 anos, que tem diabetes do tipo 1.
O tratamento inclui alimentação saudável, dieta direcionada e acompanhamento veterinário adequado. Para manter a saúde de Serafim em dia é essencial que ele faça o controle glicêmico constante. Por isso, a equipe de veterinária do Zoo faz a medição da glicemia do chimpanzé todos os dias pela manhã e, se necessário, adota as devidas medidas.
“A metodologia de exames e controle é a mesma utilizada em humanos. Serafim já se habituou à rotina e, graças ao trabalho de condicionamento operante feito pela equipe do Zoológico, a colheita da gota de sangue para medição da glicemia e a aplicação diária de insulina são feitas com tranquilidade, sem estresse ao animal e necessidade de sedação, usando as técnicas de reforço positivo, que são recompensas alimentares que fazem parte da dieta planejada para ele”, explica o gerente de Veterinária do Zoológico, Carlyle Mendes.
A zootecnista e gerente da Seção de Nutrição do Zoo de BH, Melina Nunes, destaca que para manter o controle glicêmico do chimpanzé, a dieta que ele recebe é única, específica e adaptada para a condição do primata. “A base da alimentação são folhas, frutas e legumes, mas no caso do Serafim temos que eliminar os de maior índice glicêmico, como bananas maduras, melancia e alguns tubérculos, ou oferecê-los esporadicamente e de forma combinada a outros alimentos fontes de fibra, gordura ou proteína, que ajudem a reduzir a carga glicêmica”, detalha.
Melina ressalta que o cardápio é cuidadosamente planejado. “Até para auxiliar o trabalho da equipe de bem-estar animal, responsável pelo condicionamento operante com reforço positivo, que é o que nos permite cuidar e tratar dos animais sem causar estresse ou desgaste e sem a necessidade de sedações, temos que planejar quais alimentos serão oferecidos durante as atividades do treinamento do Serafim, pensando em tudo que ele pode comer durante um dia inteiro”, completa.
Atualmente, a dieta do Serafim inclui combinações de frutas, verduras, legumes, ração, castanhas, mingau de aveia e um bolo específico para primatas. Além do mingau, suas comidas preferidas são manga, banana, tomate, alface, taioba, beterraba cozida, cenoura cozida e milho verde cozido. Ele recebe quatro refeições ao dia, numa dieta total aproximada de 4 mil calorias.
Referência
A diretora de Zoobotânica, Sandra Cunha, aponta que o Zoo é referência nos cuidados com os animais que abriga. “O Jardim Zoológico de Belo Horizonte foi pioneiro no Brasil ao implantar, há 25 anos, um setor dedicado ao bem-estar animal, com atividades de enriquecimento ambiental e condicionamento operante com reforço positivo. A instituição recebeu a Certificação em Bem-Estar Animal da Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil, o que comprova a busca contínua dos melhores cuidados com os animais, especialmente os que necessitam de mais atenção, como é o caso do Serafim”.
O presidente da FPMZB, Gelson Leite, ressalta que há outros casos de animais que necessitam de cuidados especiais. “O trabalho integrado e multidisciplinar realizado pelo Zoo de BH, não só nos casos específicos, como o de Serafim, mas na rotina diária de todos os animais, é uma referência nacional em bem-estar animal e o coloca entre as instituições que adotam as melhores práticas de manejo, focadas na manutenção da qualidade de vida dos animais”, afirma.