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Professora da rede municipal é premiada por método que facilita aprender matemática


Para quebrar o estigma de que a matemática é uma disciplina difícil de aprender, a professora Liliane Rezende Anastácio, da Escola Municipal Maria de Magalhães Pinto, criou um método utilizado em sala de aula que ganhou reconhecimento nacional. Ela passou a incentivar os alunos a construírem mapas mentais como ferramenta de aprendizado. Após cada conteúdo envolvendo os números, os alunos criam representações visuais com palavras-chave, cores e setas que ligam os conceitos aprendidos.

Com 18 anos de experiência profissional, sendo 11 na rede municipal de Belo Horizonte, Liliane foi a única professora de Minas Gerais premiada pelo Itaú Social no edital Matemática nos Anos Finais do Ensino Fundamental, com o projeto “Aprendizagem ativa em Matemática: mapas mentais como forma de registro próprio”. O projeto foi selecionado entre as 10 melhores iniciativas no país, que passaram a fazer parte da coletânea “Matemática em Ação: práticas lúdicas, ativas e criativas para ensinar e aprender, para inspirar outras instituições de ensino e professores, cujo dia é celebrado nesta quarta-feira (15 de outubro).

O método, segundo a professora, busca aproximar a matemática do cotidiano. Na escola em que trabalha, próximo ao Mineirão, na Pampulha, ela usa o futebol como metáfora para ensinar conceitos de parábola, por exemplo. “Quando mostro que o chute por cima da barreira desenha uma curva, eles entendem o conceito de outra forma. Se conseguimos conectar a matemática aos interesses dos alunos, a aprendizagem se torna mais significativa e palpável”, explica.

A observação de que os registros tradicionais — longas anotações em cadernos — não ajudavam os estudantes a organizar o conhecimento motivou a criação do projeto. “A matemática não é uma linguagem linear. Quando estudamos, não resgatamos tudo de uma vez, mas partes que se conectam entre si. Sempre reforço que o mapa mental só faz sentido quando é construído pelo próprio estudante, com suas associações e percepções”, ressalta a professora.

A proposta foi reconhecida nacionalmente ao demonstrar resultados concretos. Em 2024, os alunos do 7º ano, que começaram a construir mapas mentais no 6º ano, com supervisão de Liliane, tiveram melhor desempenho do que o ano anterior na avaliação externa do Educa BH, criado pela Smed para acompanhar de forma contínua a alfabetização e o desenvolvimento escolar dos estudantes. Na última edição do Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (Caed) houve aumento significativo dos estudantes com a classificação de aprendizado adequado.

“O processo de ensino e aprendizagem é atravessado por expectativas tanto dos alunos, que podem achar difícil, quanto dos professores, que as vezes depositam muita pressão neles. Quando o aluno percebe que consegue avançar, ainda que em pequenos passos, ele volta a gostar de aprender”.

A simplicidade da proposta — feita com papel e lápis — permitiu ampla adesão. Os adolescentes se engajaram na atividade e começaram a revisar os conteúdos de forma mais autônoma. “Em cada aula, eu sorteava dois alunos para apresentarem seus mapas e compararem com os dos colegas. Essa troca enriquece o processo e desperta o interesse dos demais”, aponta Liliane.  

Os estudantes demonstraram muito orgulho dos mapas mentais que produziam  e foi montada uma pasta-catálogo com 22 mapas, usada para revisão e estudo. Com o tempo, os próprios alunos passaram a pedir que a metodologia fosse aplicada também em outras disciplinas. 
 



Prefeitura de Belo Horizonte

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